segunda-feira, 8 de junho de 2009

Email Professor Mário Ferreira - Trabalho de Social

Email Professor Mário Ferreira:


"Liliana,

Não há razões para desesperos. Sobretudo eu não sei como responder a "desesperos" sei responder e tenho tentado fazê-lo a questões concretas. Tenho inclusivamente revisto um a um os vossos trabalhos (o que duvido que muitos outros profs façam). Tb não é verdade que o feedback seja sempre negativo, já vi trabalhos piores e melhores. E há pessoas a desenvolver trabalhos de acordo com as minhas indicações. Tu falas na parte negativa do meu feedback, ou seja o que está mal,e justamente tenho usado expressões como "manta de retalhos" para me referir à desarticulação de alguns textos. Mas o mais importante é a parte positiva do meu feedback que tb tenho repetido e volto aqui a repetir:

Introdução:
Os conteúdos que surgem nas introduções teóricas estão grosso modo correctos. O problema está na organização. Um trabalho tem que começar com a enunciação dos seus objectivos e depois rever criticamente a literatura que se relaciona com estes objectivos. Para aqueles que já têm um primeiro esboço da intro a regra é: expor de início os objectivos do trabalho e depois re-estruturar o resto de forma a que aquilo que não se relacionar com os objectivos devem retirar, aquilo que se relacionar devem manter e eventualmente desenvover - o que é que vocês não percebem daqui??...se me disserem talvez eu possa ajudar mais - será que não sabem quais são os objectivos do trabalho? até agora ninguém me perguntou isso pelo que assumo que os sabem até pq foram repetidos por mim diversas vezes. Depois tu dizes que não percebem os resultados que vos foram apresentados em detalhe e que tanto qto sei na altura não levantaram dúvidas. Eu voltei a falar-vos pessoalmente dos resultados e novamente todos os que estavam nas aulas pareceram compreender. Mas será que afinal tb não sabem como interpretar os resultados?? será que é isso?? bom, aqui vai mais uma vez e agora por escrito, indicações para o trabalho que vocês já deveriam saber:

Objectivos:
A TIP bifactorial de Rosenberg et al.(1968). tem sido considerada como estando na base como formamos impressões de personalidade sobre os outros. No entanto Todorov e col. têm argumentado que as nossas teorias implícitas com base em faces não correspondem exactamente a esta TIP....eles propõem as dimensões de Confiança e dominância.

No presente trabalho estamos interessados em estudar esta disparidade entre as dimensões "clássicas" de formação de impressões (dimensões avaliativas intelectual e social) e as dimensões encontradas qdo as impressões se baseiam directamente em faces. Mais especificamente, as dimensões de personalidade encontradas na investigação sobre formação de impressões com base na fisionomia (Confiança e dominância) decorrem do uso de traços que foram gerados espontaneamente pelas pessoas qdo vêem faces (+ o traço "dominância"). Estamos interessados em saber se estas dimensões dependem destes traços ou podem ser encontradas qdo se usam traços de personalidade que melhor representam as duas dimensões da TIP de Rosenberg e col.
Assim, pode acontecer que as pessoas nem sequer consigam formar impressões consistentes qdo se usam estes traços pode acontecer que consigam. Neste caso o interesse está em saber que dimensões vão surgir. Será que são as dimensões Confiança e Dominância (ou algum que se aproxime disto, ou seja que possa ser interpretado neste sentido) ou será que ao usar os traços que melhor representam a TIP proposta por Rosenberg et col. estas dimensões deixam de surgir? e se for este o caso , que dimensões surgem?

Método e resultados:
penso que aqui não há dúvidas...

Discussão dos resultados:
A primeira coisa a ver é se as pessoas conseguem formar impressões consistentes. Ou seja, será que é preciso usar os traços espontaneamente gerados pelas faces para se formar impressões somente com base em faces? Será que as pessoas conseguem avaliar "nas caras que vêem" outros traços de personalidade que não saõ espontaneamente referidos pela mera exposição a faces(designadamente os que melhor representam as dimensões avaliativas social e intelectual da TIP bifactorial)? Isto só por si são questões importantes.

Notem que as avaliações que se fizeram de cada traço para um grande conjunto de faces deveria dar resultados muito inconsistentes (baixo acordo interjuizes, baixo alfa de cronbach) no caso de não ser verdadeiramente possivel avaliar aqueles traços com base meramente em faces.

Depois,
Tendo em conta que se usou ACP (PCA) e tendo em conta que qdo se usa esta técnica de redução da dimensionalidade a primeira dimensão que aparece é sempre de valência temos que, no nosso caso tb, esperar encontrar uma dimensão de valência (notem aliás que este é um dos aspectos que deve vir na vossa revisão de literatura sobre as TIP na introdução - a TIP mais simples de todas é a de valência...tem sido recorrentemente encontrada por diversos autores (vejam o cap. do R. Brown para referências).

Agora a questão é: a que é que corresponde esta dimensão de valência: olhando para os traços mais saturados vocÊs interpretam-na como correspondendo a "confiança" ou parece ser algo de mais geral (i.e., a velha TIP de valência "o que é bom vai com o que é bom o que é mau com o que é mau")?

Qto ao segundo factor encontrado, como é que o interpretam? estará próximo (tendo em conta os traços usados e tanto qto estes o permitem) da dimensão de dominância ou será melhor interpretado como uma dimensão avaliativa social ou mesmo intelectual?

Conclusões:
Uma vez interpretados os resultados, o que é que concluem? Confirmam a abordagem do Todorov e col. ampliando os resultados deles a um outro conjunto de traços? consideram que esta abordagem é limitada aos traços que estes autores usaram?

Enfim, cara Liliana, como vez, acabei por resumir por escrito aquilo que disse nas aulas, e de alguma forma fazer ou aquilo vocês deviam ser capazes de fazer. Tendo em conta a minha disponibilidade para tirar dúvidas acho preocupante as vossas dificuldades. Pelos vistos, nem sequer conseguiram colocar as questões necessárias para fazer o trabalho (talvez valha a pena falarmos pessoalmente sobre isto mais tarde).

Por agora, pedia-te que fizesses circular esta informação e que avisasses que em função desta mudança de estratégia, já não vou rever mais trabalhos individualmente embora possa continuar a tirar dúvidas.

Por fim se quiserem mais uns dias para acabarem o trabalho estou disposto a alterar o prazo de entrega para 2ª feira dia 15 de Junho até ao fim do dia (têm assim mais uma semana). Com isto quero dar oportunidade a todos de estudar, reflectir e aprender o que para mim é o mais importante.

Abraço,
Mário Ferreira"

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